23 setembro, 2013

desenterrando palavras

dia de pedir dinheiro emprestado. mamãe no telefone estava sentimental. não tive coragem. lembrou-me que faz hoje 7 anos que me mudei. que saí de casa. que estou onde estou. não mais debaixo da sua asa. céus, estou sentimental também?

esse lance de datas significativas, de marcos temporais, de coisas-que-a-gente-deve-lembrar me fizeram desenterrar um texto guardado na caixa do email há 3 anos. que eu nunca publiquei sabe se lá porque. talvez não era o momento, talvez eu esteja mística hoje. uh.

                                                                                                                                                                 

1º de Abril de 2010

Tomo cuidado ao escrever sobre este papel que papel que não me pertence (analogias baratas, as minhas, my dear). Há uma mancha nestes rabiscos mas insisto em continuar. Quinze anos passam enfileirados sob meus pés. Pequenas quedas d'água entre pedras que não ouso tocar. Quinze anos, eu penso, meu deus. E isso é mais uma construção fonética do que uma alusão divina. A sustentabilidade das coisas me assusta. Ao contrário das pequenas borboletas. Cambaleantes sobre as folhas no chão. Insisto em reescrever essa história. É a sombra da minha mão no papel cor-de-rosa que insiste em relembrar o irreversível. Mal vejo o que ela escreve por baixo da própria silhueta. A grafia enfraquece a cada esforço mental. Tenho medo de formigas. E isso não é uma mentira.

                                                                                                                                                                  

7
3
15

??????????????

deixo pro fim uma citação

"É preciso (mais uma vez) uma nova geração que saiba escutar o palrar dos signos." Ana C.

09 setembro, 2013

Uma sombra passa por mim e vela meu sono. O dia correrá ileso, mas ficará na memória como o que começa. E sempre há pra onde ir depois que a luz se apaga. Mas hoje tem sol, e mesmo depois que anoitecer a luz continuará por dentro. É um fruto, o gosto e o cheiro espalhados no peito. Um predador à espreita, com seu olhar satisfeito. Essa dor marcada na boca é feito ouro, forma oca, que se dissolve no todo. É puro o instante do desejo.

04 setembro, 2013

ok, vamos filosofar um pouco. tem gente, tem muita gente, gente irritante, que promete um mundo que não pode te dar. alguém realmente pode te dar alguma coisa? tem gente que se encanta com você, que faz você se encantar por ela, que te promete coisas que não pode cumprir, mas promete mesmo assim e você aceita. que acredita em você e te chama pra voar. um voo conjunto e sem escalas. um voo rasante e liberto. se joga com você do abismo e promete não soltar tua mão por nada. promete coisas que sabe que não pode cumprir, e promete mesmo assim. o abismo é fundo, não se vê o chão. você plana e alça voo alternadamente. você tem todas as promessas do mundo pela frente. gente que começa lentamente a cortar suas asas, milímetro por milímetro, com uma tesoura sem ponta e sem fio. gente que diz que é necessário, que isso será um aprendizado. você sente a dor da asa cortada, um espasmo atravessa seu corpo e você pensa em voltar para a beirada do abismo. você quer apenas observar as coisas de um lugar seguro. gente que olha nos teus olhos e diz que vai ser melhor assim, que algumas pontas estavam atrapalhando seu voo, que você precisa mudar. você aceita. o resto é uma progressão desenfreada em que você acompanha a própria amputação num misto de delícia e dor. você vai perdendo altura e achando normal. que é para o seu bem, que você está se tornando uma pessoa melhor. você não vê os fragmentos que perdeu pelo caminho. eles flutuam no ar acima de sua cabeça, mas você só sabe olhar pra baixo. quando o baque surdo contra o solo te acorda, você sente a espinha dorsal deslocada pela velocidade da queda. o seu corpo está paralisado e a única coisa que você consegue fazer é abrir os olhos. você está só. você percebe suas asas cortadas até o talo e o sangue seco despontando das omoplatas. ninguém segura sua mão. você vê o céu azul repleto de nuvens e vê seus fragmentos se deslocando pelo espaço, mas não consegue enxergar o pico da montanha, agora perdido entre outros sonhos. você sente o peso do corpo sem asas, o desequilíbrio ao levantar. e você começa a subir pelas encostas rumo à beira do abismo. você está fraco. você respira pausadamente entre um passo e outro. você sobe devagar e se distrai pelo caminho. contempla uma borboleta que passa, uma flor selvagem que cresce. você sobe sozinho. se você encontrar gente no caminho, afastará todas as tesouras e promessas. se não for suficiente, empurrará gente para a morte, arrancando suas asas sem piedade. você manchará as mãos de sangue por gente que te promete coisas que não pode cumprir. você cortará o mal pela raiz e subirá a montanha pleno de felicidade.
Você, em pequena, devia ser uma canção. Daquelas singelas em que a família toda cercava a vitrola para ouvir. Você, quando moça, deve ter sido um pássaro. Passarinho, dos miúdos, que andam pulando, e se movem com rara graça e descompostura. [ Você ria alto. Seus olhos são mesmo castanhos, eu confirmei. ] Você, mulher, é ainda uma construção delicada. Uma firmeza de trejeitos, uma suavidade de pele. Teu rosto dorme no meu sonho com a espera muda e lenta, você não reconhece. E talvez o teu corpo ainda em repouso seja a massa sólida que me prenda. O mundo é real.

03 setembro, 2013

Hoje pensei menos em ti. Menos. O fato de não te saber exata, de que o amor não é tudo e que os dias são imprecisos contribuem para pensar menos em ti. Menos. E isso é bom. Pensar menos. Essa noite eu posso pensar mais. Amanhã eu posso pensar mais. O interessante é observar as ondas desse pensamento que se bifurcam diante de ti. E pensar menos também é pensar mais. Mais. Menos. É saber que quando penso menos posso te deixar guardada em algum canto da cabeça, inata, incólume. E depois te resgatar num movimento brusco e cheio de cor e de som. É tudo estratégia desse coração bipolar, desse delicado senso de auto-imolação. Te saber assim, etérea, faz parte do meu jogo, dessa peripécia de esquecimento e imaginação. Eu não te quero sempre em presença. Menos. Quero avançar os dias ignorante de tua existência, até que não possa mais sobressaltar sem ela. Mais. Porque você retorna inteira, sem o meu controle. E me põe além do que eu vejo de ti. Mas hoje pensei menos. Mais.

02 setembro, 2013

No mais a vida corre leve leve entre os dias. O coração por corredores escuros se perde mas retorna sempre. Se labirinta.

01 setembro, 2013

amor é fruta em que se morde a polpa suga o sumo escorre pelos sulcos da pele o cheiro mais doce do instante perdido. amor é vermelho do sangue da fruta e o batom dos teus lábios já meio borrados pedindo aquela mordida mais descarada de tão desejada que é. você não dá o braço a torcer você não quer eu sei sou eu que te seguro de noite ana c.? o teu corpo seguro e firme jogado na poltrona pedindo alguém que te recolha do pior momento, os teus olhos queriam apenas fechar-se mas os meus não, ah os meus te procuravam como duas faíscas incendiárias depositando em ti todo o desejo de arder num quarto escuro e isolado do mundo, esses olhos que não percebias e que repetiam teu nome sem cessar até que neles fosse permitida unicamente a tua presença feita em torpor. você nada sabe enquanto ao redor de ti se constrói e encerra um círculo de obviedades desajeitadas e desejosas de novo do seu pequeno calor. vai embora sem se despedir, sem que seus cabelos sejam tocados uma última vez sem minha pele se amacie de seus dedos precisos e vacilantes. vai e leva contigo a última esperança do que prometem os teus olhos castanhos.

27 agosto, 2013

e quando você percebe, você é uma daquelas pessoas que apenas come a vida pelas beiradas. que passa pelos dias tentando deixar rastros brilhantes como o das lesmas, mas tudo o que consegue fazer é prender-se no rastro dos outros. você só percebe as coisas importantes depois que elas acabam, porque até aí a única coisa que você consegue fazer é manter-se congelado em expectativas, como um coração pulsante que espera pelo momento de lhe desobstruírem a aorta, pra que ele volte ao seu funcionamento normal. talvez então você até saiba da importância da coisa em si enquanto ela acontece, então o que te impede de agir? é a artéria entupida? o homem é o mais covarde dos animais.

22 agosto, 2013

esse mesmo coração que você quer arrancar do peito, numa cena trash e também piégas. que está vivo ainda e que bate de dor e de prazer. que te mata de uma forma lenta e

[como é que chama uma coisa quando ela vem assim aos trancos, aos pulos, aos saltos da boca do estômago pra fora como que rasgando? é impulso, é frêmito, é ESPASMO]

você quer arrancar esse coração com o bisturi mais afiado, como quem faz um trabalho de médico/artesão, sem anestesia e com uma paciência de jó que o mais catártico do ato se tornará o instante em que o durante permanecer do que o próprio ato em si.

essa cegueira fingida e provocada que parece ver mais do que lente de aumento.

o coração sozinho se abre em ventas e sangra frio sob o peito, onde o silêncio é fúria ou som ou qualquer coisa inaudível de tão alta frequência que emana dali.

há como que o ruído de uma torneira que insiste em pingar na medida certa. sem matar. sem morrer. sem completar o processo apenas para extrair dele a maior quantidade possível de dor.

você tentar falar, expor esse processo até o último movimento possível e junto com a sua língua saltam gotículas de sanguesaliva que mancha o interlocutor até a mais funda dobra de conversa

e então você pára.




porque a sua boca já está sufocada com as pequenas partes do seu próprio corpo dos seus órgãos internos das suas palavras antes engolidas com grandes garfadas. você pára para aprender a conviver com um outro estado de coisas, que irá lhe exigir a boca sempre entreaberta e cheia de pedaços de si dos quais você não conseguiu se livrar e nem devolver ao mundo.

20 agosto, 2013

ô coisa desalentada isso de estar vivo, ter um coração

29 julho, 2013

EX-TERMINAR

e então é esse ranço, esse avanço
essa ausência de descanso
esse pequeno pranto manso
que desafoga os devires

as mãos estão livres
e daí?
não há onde segurar
na distância que se imprime

falsa é a mansidão
pois que afoga
horas e horas
essa rima frouxa
e sem solução

te ex-termino
baixinho
como água suja
que se es-vai
onde o ralo é puro es-pinho

há um nome feio
por baixo da minha boca
há o rímel
grudado na pálpebra
parece farpa?
é doce-insone-insosso-apenas-teu-nome

15 julho, 2013

A paixão se alimenta de sombras e de sóis.

13 julho, 2013

Para Vinícius

Soneto que separa o som
Maçã, coração, neon
Sopra ao fim tudo que é bom
E deixa sobras como que de batom

A roupa morta na cama
Escama de peixe esquecida
A ferida não vale uma grama
No amargo mercado da vida

De repente, não mais que de repente
O poeta não sabe o que sente
Sua dor traz ao presente
Toda sombra outrora ardente

E do fim da espuma de sua boca
Brota o som do silêncio, a voz rouca
O seu nome é um pranto seco
E o seu eco, coisa mouca

27 janeiro, 2011

Quando leio Ana C. tenho vontade de colocar as duas mãos dentro da boca e revirar do avesso minha arcada dentária. Não sei se isso é imaturidade literária. Em todo caso, a sensação é boa.

28 setembro, 2010

alguém tem um inseticida? há baratas neste blogue.

11 agosto, 2010

Jesus Camp

Sei que faz tempo que não escrevo aqui, mas é porque ando usando muito mais o twitter e o facebook. assim que eu descobrir uma maneira de fazer o blog entrar em sintonia com o meu dia-a-dia, prometo aparecer mais.
agora queria mostrar, pra quem não viu ainda, um trecho do documentário sobre esse absurdo chamado "Jesus Camp". Não sabe o que é? Play.

27 maio, 2010

eu queria ficar em silêncio mas o óbvio é sempre ululante
persistência que rasga

(L)evito

loucura que não larga
palavra pouca
insisto em mentir

citação que mantem acesa

"De repente não atinjo mais a cor do teu corpo. De repente
o recinto se enche de tipos curiosos, do fato de estarmos
pensando, da lastimável distância entre nossos fantasmas.
De repente a lógica da tua mão me rasga: idealizo campos,
pombos e uma parede branca que ao acordar confundi com
céu. Confundi com céu.
De repente descubro que esta impossibilidade
é a matéria que trabalho, que comigo desenho no ceruo das tuas
pernas, que obedeço e desobedeço como que me rasgando."

Ana C.
por um intervalo curto,
uma marcha lenta,
em ré menor

23 março, 2010

Meet me in the Sky

Aqui estou, transfigurado pelos deuses romanos. Comam da minha carne. partilhem da minha doçura e beleza. Rosto, restos e fumaça. Consumido na própria chama. Eu sou imortal? Eu sou doce. Digam-me que não se extinguiram todas as formas de contemplação. Porque quando todos os homens matarem a si mesmos, eu sobreviverei. Fogo nas carcaças dissonantes. Fênix renasce das cinzas apagadas. Pele e pêssegos. Lábios gordurosos e macios como frutas mergulhadas no leite das eras. Beba do meu líquido. A sorte está lançada. Lenços flutuantes. Demônios ensurdecidos por agonizantes gemidos de cigarras. Insetos também comem. Ego lambuzado. Etéreo. Eterno. Estéreo. Estéril. Luz exterior. Dia. Cegos os olhos. Refletem ridiculamente a figura intocada. Transvirtuosidade. Na dança das horas os dedos jogam dados com esmero. Tudo é débil. Ria-se dos princípios básicos da humanidade. Porque nela não havia principios. A força que se esgota. Os órgãos que decompoem-se de graciosidade. Os buracos estão todos ocupados. Ansiosos. Violinos virtuosos ao serem tocados por suas varas. Trago na cara o preço de ser uma romã. Navalhas cegas. Asas de cera derretidas por chamas internas. Consumindo do próprio fogo para beber das fontes da infinitude juvenil. Latitude e longitude estão erradas. O caminho a seguir é a linha do eros prometido. Wake up Ícaro. Minhas águas anseiam por seus cabelos de cavalo. O céu está ficando pequeno. Os deuses morrem de desgosto. Não haverá castigos. Nós sobrevivemos. Como crianças donas de um destino propício. O poder está detido em nossas mãos. Agite as bandeiras. Estou chegando. Trago pequenas soluções contra o tédio. A diversão está garantida meu insano coelho branco. O presente a nós pertence. Technology is now. As líderes de torcida agitam seus pompons. Somos os novos reis. Chiclete is now.

14 janeiro, 2010

porra, que saudades desse blogue e de todos vocês! ainda tão na ativa? (uh). acho que vou passar mais vezes por aqui.

ah, pra quem quiser surtar um pouco: Surtos Engatilhados (ou não).

17 novembro, 2009

Qual é a mensagem subliminar quando você começa a gostar muito de dormir abraçado depois do sexo?

25 setembro, 2009

Escrita Automática

Resultado do mini-workshop com o Teatro da Vertigem. Com 3 minutos de tempo e temas a seguir:
Eu sou excluída quando não me encaixo nas conversas de ninguém quando todo mundo sai e eu fico, quando acaba a alegria instantânea quando as pessoas ficam de saco cheio quando acham coisa mais importante pra fazer quando realmente não há interesse pelo sentimento e vida alheia quando o egoísmo grita nos ouvidos quando o barulho é demais quando o carinho é pouco quando tem carne e as pessoas me olham com pena quando não assisto TV quando não tenho dinheiro quando não tenho vontade de sorrir quando não consigo mais beber quando não sou magra quando não sei fazer comentários atuais quando se fala de política.
Eu excluo quando não tenho vontade de ficar com pessoas quando julgo-as chatas demais bobas demais burras demais ou sem vontade demais eu excluo quando tenho vontade de ficar sozinha quando julgo que é pouco (ou muito) pra mim quando não dou lugar no ônibus quando não cumprimento na porta do prédio quando não sorrio de volta depois que alguém pede desculpas por pisar no meu pé, quando meu pensamento é limitado, quando como, quando tomo banhos mais demorados quando não ligo pra minha mãe, quando passo mais tempo bebendo com os amigos quando penso em outras coisas que não estão à volta, quando decido não falar.

22 setembro, 2009

16 setembro, 2009

eis um blog às moscas

16 agosto, 2009

sobre L

o que uns chamam extremismo, eu chamo voragem

11 julho, 2009

Ode à Afrodite Infinita

Abri as janelas do quarto pra te deixar entrar. Desejo meu. Arfava o peito. Fechei os olhos algumas vezes e tornei a abrir. Resolvi te ligar. A tua voz me escorrendo pelos ouvidos, pelos poros, meio rouca intensa inteira. Eu comi a tua voz no escuro, sem temperos. Só eu e ela ali flutuando na sala. Voltei ao quarto. Desatei a rir porque não entendia a música que tocava. Descompassados os sons atravessavam sem me atingir. Era apenas o meu corpo e a tua voz a matéria que ali existia. Era essencialmente tudo escuro porque também os olhos dilatados não viam as formas. Tontura latente de ti. Eu não quis acreditar. Mas entendi que a vida voltava a me habitar ali naquele momento de transe, com a força e a impetuosidade do primeiro momento de cada ação que se faz.
Durante as horas que se seguiram, não houve outra afetação. Houve quase uma espera, quase uma certeza. Mas eu não poderia ainda dizer isso naquele momento, ah tão inocente. Soube apenas no instante da tua negação. Soube que a todo momento anterior deixara fluir e crescer os pequenos emaranhados de um silêncio sorridente. E agora, não? Tudo bem, não não não. Talvez eu já soubesse antes, mas a certeza prática é de certo modo arrebatadora. Digo de certo modo pra não dar o braço à torcer. Então, quando disseste não, foi que eu te quis mais. Quando encarei a realidade percebi que ela já não era suficiente. Quis e quero. Mais.

19 maio, 2009

Imagens partem do estômago em direção aos olhos.
Liquefaz.
Tontura corrente nas veias abertas.

14 maio, 2009

sim, eu estou dentro de uma bolha.

02 maio, 2009

Procuro no escuro os traços da boca, beijo, mordo, me concentro. Não encontro. Boca que desmancha, prende-se na minha, pequena, sagaz, fruta madura, morango desmanchado. Eis o processo de encontrar-se novamente. Mas perdida em poros, sons, tempo-espaço, densidade, lágrimas e gotas de chuva. Lambidas na janela do quarto. A cama ausente do corpo. O corpo apunhalado no vidro. Estilhaços de sangue cobrem os olhos. Me deito para descansar mas sei de cor que os convidados estão retidos pela chuva. Cubro os ouvidos para não ser atacada por lembranças. Elas afastam meus dedos e me cospem sorrisos cínicos de felicidade. Toma, vagabunda. A vingança que você merece. Olhos em bolas de cristal. Eu quis. Ficar cega e morrer de amor. Pequenas amêndoas.

27 abril, 2009

cuidado, animal na estrada.
não atropele.

21 abril, 2009

Inutilidade Gritante

Procuro uma metáfora. Uma metáfora que me deixe feliz ao definir o estado em que me encontro. Mascaradamente. Não gosto de ser limpa. Penso que toda vez que houver possibilidade de encontros inesperados com antigos amantes, ficarei tonta e desmaiarei quase que imperceptivelmente. Oh! Quero vomitar. Não, quero gritar. Quero gritar e vomitar ao mesmo tempo. Tirar esse espírito que me possui o corpo. Hum... uma metáfora. Infelizmente não atingi ainda o bom gosto desejável à alusão pretendida e por isso devo continuar. Lastimável. Quero dizer claramente que desejo vomitar e que todas as células do meu corpo desejam vomitar. Mitocôndrias, núcleos, ribossomos, complexos de golgi. Ah, não me condene, por favor. Eu só quero encontrar uma metáfora capaz de dialogar com as questões atuais do mundo e porque não dizer do universo e, ao mesmo tempo me afirmar como parte integrante do círculo evolutivo da humanidade, com minhas garras de animal feroz-instintivo-irracional. Quero vomitar e comer ao mesmo tempo. Meu desejo de sangue e carne corrói o pequeno cérebro. Não, não sou nenhum bufante. Quero é bufar no seu pescoço antes da mordida fatal. Fim. Este é o fim.

Procuro uma metáfora que me possua. Quero sair daqui correndo para atropelar todos os meus pedaços. Atropelar descaradamente todos os pedaços de todas as pessoas que eu desejo. Cuidado meu amor, hahaha. Procuro antecipar meu pensamento sobre a metáfora. Construo um ideograma fálico coberto de cores. Para destruí-lo depois. Falos me irritam. Quero destruir todos com meu cortador de unha. Quero ser a rainha da destruição de falos. Eu posso. Eu sei que sou capaz. Ah eu sei tanta coisa tanta coisa meu amor vem cá. A necessidade me consome. Imageticamente decepo cabeças à minha frente com a língua afiada. Imageticamente à essas pessoas que desejam o imagético. Tenho pena. Por isso privilegio à essas cabeças o entrelaçamento ao meu corpo. Hum, hum, hum. Preparo delícias com o sanguezinho quente que delas jorrou. Tempero com especiarias trazidas diretamente do caminho das índias, tão internacional que sou. Esteja servido e logo continuamos o papo. Hum, hum.

20 abril, 2009

para os desocupados de plantão

http://twitter.com/daninsensivel

14 abril, 2009

me ofereça uma pica
para eu fazer um pica-dinho

28 março, 2009

Não posso ler
poemas de amor
me farfalho lancinante
me lancino farfalhante
ela não virá
nunca mais
avesso

a palavra fica em cima
da corda bamba
quando eu leio quer cair
se cai meu coraçãozinho se esborracha
ai, essa vida de intelectual
essa panca de intelectual
essa pose
me passa

25 março, 2009

sonhei com ana na antecâmara
caras e bocas no filme de celofane
ana me excita, filosoficamente
interrompi pra dizer bobagens em ouvido alheio
tenho urgência de voltar pra ana
marcas fundas no lábio entreaberto
pose que não dá prêmio
elegância demais pro meu bom-gosto
bom bom
ela sorri
eu afogo

20 março, 2009

post scriptium do poste abaixo (tem como?)

tem uma novíssima citação ali do lado no campo destinado ás citações. mark twain é legal, cara. juro que quero voltar a ser criança.
sexta-feira de novo e me assola a vontade de um beijo azul. os hormônios se eriçam todinhos quando dá 6 horas. 18 horas, bêibe. voltei aqui, pro blogue, pra vocês, pra internet toda. ay caramba. me aproveitem. não integralmente mas venho de vez em quando, prometo. lerei vossos blogues, queridos leitores destas linhas aqui magicamente enfeitadas, ai ai adoro falar besteira. ando afoita. ando correspondendo. não à altura, obviamente. mas ela me enviou uma respostinha do inferno. do inferno do coração, e disse pra eu continuar. ao mesmo tempo adoro também ser non sense. (e hype, vejam) porque nunca sai de moda. tipo blind melon que ninguém elogia dentro do cenário musical (o antigo) mas que eu gosto pra caralho e daí foda-se mas ninguém substitui a vozinha (não a vózinha) do Hoon (é assim?). quando abre a porta eu olho pra trás mas nenhum cachinho à vista. também eu tô dando uma de esnobe e não vou me importar. álcool no corpo da pessoa realmente faz diferença mas eu prometo dessa vez não me deixar levar pelo limãozinho com sal. comerei alfajor até morrer.

(quero deixar claro que a inteção aqui não é subverter porra nenhuma ou ser panfletária ou no mínimo crítica visionária futurista do porre do mundo)

não sei ser assim. e nem tenho saco. (não aceito doações)

alguém faz favor corrigir os erros de português. a música acabou e a minha verborragia também. não vou reler. bom final de semana. (só pra ser complacente)
Mas de manhã ela vai embora como um gato arisco.

06 março, 2009

listando: dia D

Pata de Elefante - Daniela

VAI BEM DE PAQUERA?

Na parada de ônibus
alguém igualzinho a você
não vou mexer não
Tou boa tá boa? boaboa em que sentido?
Andei muito mal fiquei com as juntas duras
me benzi melhorei
Por que você ri tanto assim?
É mania
Tá grávida?
Você deixou algum aqui?
Quem cuida da minha menina de 11 anos?
(Eu não)
Recordar o passado é tristeza
Vou lá hoje
Praquele hotel?
Tá louco, lá nunca mias
Senti saudade te liguei
tou magrinha
Tá gordinha?
Liga pra mim ligaliga
(Ligo não)
Um beijinho

Francisco Alvim

04 março, 2009

odeio a caixa de edição do blogspot.

whisky sem gelo

Essa merda de música na cabeça e eu perdi um beijo.
(!)
Um beijo é pouco mas a boca que eu desejo também quer na minha se afogar.
(ui drama)



danielecristyne dança tango depois da meia noite

18 fevereiro, 2009

Daniele Cristyne da Rosa, 21 anos, matadora de aluguel.

Próximo alvo: memória afetiva.
Daniele Cristyne da Rosa, 21 anos, doadora de orgãos.

Obs: Coração em péssimo estado de conservação;
impossibilidade de uso.

16 fevereiro, 2009

Fragmentos Ailimísticos*

A repetição da rejeição é um sinal. Não que eu sofra exatamente por você ou por aqueles que assim fizeram, mas como eu pude me permitir a não perceber que seria assim. Era uma seqüência dentro de todas as minhas aproximações. As aproximações vinham naturais, daqui para lá como de cá para depois. Reciprocidade eu diria. Mas de lá vinha sempre distorcido e eu farejava pingos de água turva caindo como goteira na minha frente. Olhava a todo instante, igual sempre. Não via nada daquela gota. Daquela água instável e ao mesmo tempo respeitosa de um ciclo de pingos que iam, caíam, iam, caíam onde tinham que cair. Não existiam problemas daquela goteira estar na minha frente, era até um sonoro delimitar de tempo sem prejudicar no meu espaço. Corria no espaço se a deixasse, e só faria isso. Leve e cadente, sempre. Já estava gostando dela. Começava então a guardar a sua água caída. A goteira nem se lembrava mais daquilo que se foi. Minha tigela se enchia. Suspirava ao ver os progressos. Comovia-me facilmente. Não via mais “gota e gota” e não pretendia contá-las, mas elas todas juntas já eram tantas que nem sei. Nem sabia o que formavam. Sutilmente trocava as tigelas. As gotas iam para um vaso e viam as folhas crescerem. Tudo no seu devido encaixe. Eu observava tudo. Os pequeninos acontecimentos daquele buraco pequeno no meu quarto vazio eram permitidos somente porque eu me ria por dentro. Achava que compreendia donde vinha toda aquela água. Para mim, não precisava saber. Quando o teto começou a rachar, as gotas ficaram aceleradas e o meu dia andava correndo com pressa para nada. Queria saber mas não podia. Tinha um teto que me protegia de ver a natureza das coisas. Ele rachava. Quando o teto caiu sobre a minha cabeça, fiquei desacordada por um tempo até que me desse fome. Tonta procurei olhar para cima. Um teto mais largo, mais comprido e que durou um pouco mais.

Funcionava sim. Eu aprendia que a minha sensação de que não andava bem era intuição de que aconteceria a queda do teto. Gradativamente eu dizia que aprendia algo novo, não confiava nas pessoas tanto assim. Não escutava o discurso até a última palavra. Não fazia favores. Não fazia tudo isso, eu pensava em tudo isso. E toda a vez que o teto caía, levantava molhada, com o lábio roxo, com a cabeça doendo, e com o peito recordando com aperto de que o teto não me protegia era nada. Quem me ensinou a viver desta maneira? O mundo ali era cinza e eu queria ao menos o preto e branco. O teto era bonito, sempre pronto para me trazer uma nova goteira, uma nova rachadura e uma queda. Se ao menos sentisse dor de ser sozinha, quebraria as paredes e tetos todos que me fechavam o olhar, e buscaria a possibilidade de ver outros como eu

Eu não existo
Eu não existo para você
Eu não existo para você porque
Eu não existo para você porque eu quero
Eu não existo para você porque eu quero sumir
Eu não existo para você porque eu quero sumir da sua frente
Eu não existo para você porque eu quero sumir da sua frente até a saudade
Eu não existo para você porque eu quero sumir da sua frente até a saudade passar
Eu não existo para você porque eu quero sumir da sua frente até a saudade passar a ser maior
Maior do que isso
Até o amor
Fimdalinha

* Ailime Huckembeck. Ela permitiu e por isso estão aqui as linhas. fimdalinha, eu copio, e beijo o coração.

06 fevereiro, 2009

até que nem tanto esotérico assim

dramas rápidos (intensos sempre, querida ana)

- paciência é um dom divino. só não sabia eu que o possuia em demasia. falando a verdade, amor contido. o rei de havana me ensinou a esperar.
- aquarianos, geminianos e librianos uni-vos à mim! sois vóis os eleitos do reino do fogo. ué. foi a águia que me disse!
- eu definitivamente tenho problema na cabeça e na pele. pelo menos o coração tá fora de perigo.
- cerveja gelada pro meu corpo quente!

04 fevereiro, 2009

eu como você

tendo em vista os últimos acontecimentos que assolaram a esta pessoa que aqui vos fala, acho digno, necessário e, porque não dizer, letal, abrir ao mundo a seguinte afirmação: não acredito no amor. (pausa dramática para os aplausos e/ou expressões de espanto/horror/tesão com a sombrancelha arqueada). obviamente não estou falando do sentimento (dito nobre) em toda sua vastidão. tenham amigos e os amem. amém. refiro-me ao amor conjugal. essa armadilha a qual dificilmente nós, pessoas de boa índole, deixamos de cair pelo menos uma vez na vida. não faz sentido algum ter alguém pra amar. o amor mata, sabiam? e você não quer morrer assim de lambuja, quer? aliás, isso poderia ser um bom slogan pros suicidas de plantão. "quer se matar? se entregue ao amor. é a maneira mais doce de se chegar até a morte. (pilhas não inclusas)." meu bem, alou, eu tô falando sério. não se iludam com essa história de encontrar a pessoa certa, casar e ter filhos, ou apenas que é possível ter (do verbo possuir, mesmo) alguém que tenha compreensão absoluta do seu eu interior. é tudo balela. é tudo exploração americana em cima do pobre coitado padre Valentin pra vender cartões no dia 14 de fevereiro. falando nisso, tá perto hein. e acreditar que o amor é possível é tão inocente e irracional quanto jogar na mega sena e pensar que vai ganhar. foi o Wedekind que disse "amor não existe, é tudo interesse". concordo. e digo ainda que as boas relações conjugais devem se basear em carinho e sexo. nada de amor. pff. chega de iluões sobre o amor, meus queridos reles mortais. vou dizer a verdade pra vocês. amor é uma coisa que a gente come no pão com manteiga. amor é aquela barata nojenta que você esmaga com a sola do sapato. amor é uma puta que te seduz de madrugada, vai pra tua casa e rouba todo o teu dinheiro. e por hoje é tudo, pessoal.

03 fevereiro, 2009

Excertos do Mofo #2



os olhos mortos
de um peixe
fisgado pela vaidade
de encontrar
a média perfeita
entre o ato
e o outono

02 fevereiro, 2009

"vai ver que ela pensa que você escreve por talento, e não pra defenestrar sentimento"

hahaha

28 janeiro, 2009

eu, na casa escura. a comida no fogo. a língua queimada. o coração na mão. escorrendo, morrendo de amor. morrendo. só morrendo. a solidão é um bicho que come a minha fome. eu, devorando as lágrimas. grito de morte. chorar sozinha na faca afiada da dor. como soluços espessos. engulo os braços, os pelos, os cheiros do adeus. eu não vou ficar aqui nunca mais. fui embora quando ela fechou a porta. eu, invisível. ódio e tesão. amor é vertigem.

27 janeiro, 2009

tenho medo de sofrer acusações
e
tenho medo de ser uma grande filha da puta


- instinto de preservação, me disseram

21 janeiro, 2009

seguinte: tenho duas semanas pra resolver a minha vida de vez [de vez pra esse ano, pelo menos]; por isso vim dizer que vou ficar esse tempo sem postar aqui no blogue e sem visitar outros blogues e me privando o máximo de outras formas de contato. não vou dar tipo uma última passada nos blogues que não tenho ido esses dias porque só vim aqui deixar esse recado rápido. portanto, avante muchachos. me esperem de volta, ou não.

20 janeiro, 2009

'paixão é a grossa artéria jorrando volúpia e ilusão, é a boca que pronuncia o mundo, púrpura sobre a tua camada de emoções, escarlate sobre a tua vida, paixão é esse aberto no teu peito, e também teu deserto.'


* passa longe de mim, capeta!

19 janeiro, 2009

marry me

eu parei no tempo quando estendi a mão pra ela e disse: vem. se eu soubesse que ia ser assim talvez não o tivesse feito. ou sim, de qualquer forma. é totalmente completamente inutilmente impossível tentar descrever um décimo de cada coisa que se passou, aqui agora. é desnecessário também dizer isso pra qualquer pessoa que não seja eu. mais uma vez é só aquela corriqueira tentativa de divisão, da minha pessoa tão cheia de peças soltas. eu parei no tempo desde que ela entrou na minha vida numa tarde provavelmente ensolarada do final de outubro. e chegou trazendo uma coisa densa, uma coisa indizível, intangível e todos os in que possam imaginar. os amores anteriores nunca conseguiram isso. os possíveis e os platônicos. se bem que amor platônico não é amor, é burrice. e os amores posteriores também não conseguiram. não que fossem amores realmente, mas enfim. por mais que eu tenha ficado confusa do que sentia por ela e esses malditos outros amores estivessem ali por perto querendo atenção, ela nunca deixou de ser mais forte que todos eles juntos. é, é bonitinho falar assim, mas não é uma declaração de amor. absolutamente não gostaria que ela lesse isso e sei que não vai ler. e acho ótimo. agora tudo acabou e não há espaço pra palavras. e eu também incrivelmente me pego pensando que não quero, essas palavras. eu só queria dizer - pra vocês e não pra ela - que essa coisa densa que ela trouxe (e que eu mandei embora depois que acabou), essa coisa densa é tipo uma areia movediça, não. tipo quando tem sol no final da tarde e começa a chover fino, tão fino que o que dá pra ver são só as partículas de água cortadas pela luz, coloridas pela luz, fodidas pela luz. ainda assim essa imagem não é suficiente. é a imagem + mais a sensação de estar preso. preso do tipo presença, envolvimento. se bem que as vezes eu me sentia tão presa, do jeito ruim, tão enjaulada.
ok, desisto de falar da coisa densa. é só que, depois que acabou, definitivamente pra mim, eu comecei a mandar embora todas as coisas dela e essa coisa densa, que foi junto. estar longe dessa coisa densa é o que me mantem afastada dela e me faz não querer voltar. aí, por isso que agora vem uma putinha duma música da st. vincent que eu nem conheço desde o começo com ela mas só agora quase no final e só porque tem um refrão idiota que fica repetindo marry me john e a voz da mulher é quase um soluço, é que eu me deparo de novo com a coisa densa. é que eu lembro dela e de tudo denso (denso que é intenso) que houve entre nós. mas, finalmente, eu posso dizer que não estou chorando (!) porque chorar faz parte da coisa densa e, mais finalmente ainda, eu estou (apesar de) conseguindo manter certa distância dessa coisa.
e aí pra você ver, que coisa.
P.S. o pior é tipo agora, quando me dá uma dor na mão por causa dos socos que eu dei nela, digo, na parede. (posted in quanta alegria) haha

15 janeiro, 2009

mãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaae me segura
se tem uma coisa que aprendi na vida sobre o amor é que: o amor correspondido faz a pessoa regredir, e o amor quando não correspondido, faz a pessoa evoluir. simples assim. por isso que, ao contrário do que o caetano disse, eu só vou gostar de quem não gosta de mim. ê vidão.

14 janeiro, 2009

Excertos do Mofo #1

debaixo da mesa
há uma garrafa de uísque
risque rabisque
esse velho passado novo

cada dia é uma mentira
os corpos enfileirados
num buraco torto
e a lápide dizendo
alento, meu bem

[...]

21.11.04

antes de tudo

quero dizer que vou começar de novo um troço aqui que tinha colocado no outro blogue, o do refrigerador. é o EXCERTOS DO MOFO. o que significa que: quanto tô por aqui, de bobeira, com vontade de escrever e sem nada passando pela cabeça eu vou pegar algum poema das antigas (deu pra sacar o trocadilho do nome?) que eu ache bacana e que em nada precise ter a ver com algum contexto do que atualmente se passa em mi vida portando não façam associações bizarras; recortar a parte que eu gosto, se nao gostar dele inteiro & clicar em publicar postagem. ou seja, leiam. críticas e tomates são sempre bem vindos.

13 janeiro, 2009

a única vantagem do casamento é que você pode andar pelada dentro de casa sem ferir a moral alheia.

09 janeiro, 2009

é baby, eu tô aqui, um animal ferido no meio da estrada. passaram por cima e agora tudo pra fora sangue tripas e coração. o sol quente vai secando a boca e os olhos. areia no deserto. canalizar. é esse o ponto. há uns dias tudo o que eu fazia era tomar um bom banho, gelado no calor, com lágrimas doloridas lavando tudo e nem uma safadeza passando na cabeça. sozinha. a consciência ambiental indo pro ralo junto com aquela água toda. e eu não escorria junto. a dor passava que era uma beleza. agora aqui esse blogue, tadinho, vai ficando cheio de farpa e eu não posso evitar. é agora, é aqui. repito de novo e que se foda. ontem era vento olhos claros e folhas no final da tarde curitibana. agora é rocket rocket e água gelada enfiada na boca e, merda, meus dentes são sensíveis.
e hoje é sexta então pode ser que o final de semana seja inteiro numa caverna escura e úmida. ok, go.
e o pior de tudo é quando você sabe que não pode contar pra ninguém e com ninguém.

08 janeiro, 2009

talvez seja hora de ir embora. foi a primeira coisa que pensei agora que comecei a ouvir roads, do portishead. há uma urgência de mudança e até o orkut falou isso pra mim hoje, velho sábio. mudou muita coisa no último mês, mas mudanças negativas custam a ser bem vindas e não entusiasmam ninguém. é uma mudança podre até, do tipo ok acabou agora é continuar seguir a vida. podre e pobre. e além do mais, seres humanos como eu não tem a capacidade de provocar mudanças, apenas são suscetíveis (?) à elas. talvez seja o cúmulo da incompetência mesmo. por isso é que fico torcendo pra passar um furacão na rua e me levar junto. pode ser pra uma ilha distante, quase deserta e gelada. e sim, esse poste com cara de fossa tem motivo. dizem que não se deve cantar vitória antes do tempo. então da próxima vez que eu estiver bem humorada e com a vida 'cheia de possibilidades' eu vou calar a minha boca e ficar aqui no escritório cantando sozinha as minhas músicas-felizes e pulando até chegar perto da janela do segundo andar. vertigem. acho que nem sempre é bom dividir felicidade.

07 janeiro, 2009

tenha cuidado comigo às 7:41, às 16:59, e às 22:07.
de resto tudo tranquilo.
uma pata de elefante mudou a minha vida. desde ontem -data que coincide incrivelmente com o fato de ter ouvido de primeira uns dois cds da banda que há tempos eu ouvia falar e nunca mas nunca tinha parado pra ouvir e que lembra o som do macaco bong- tenho quase tido uns surtos de otimismo e 'alegria de viver', até saiu um arco-íris (?) ontem depois da chuvinha com sol no final da tarde e eu quase fui atrás pra ver onde ou melhor, o que tinha no fim. sei lá se é por causa da batida animadinha que tem a banda, mesmo as meio melancólicas são muito bonitas, mas a reação que causam é parecida com o que li hoje do caio fernando, que diz algo do tipo que a música tal dá vontade de sair correndo o vento na cara e não sei o que mais, porque eu não lembro mesmo.
mas o que é bom nessa história, é ver o vento mudando de rumo. ver as desgraças passando e a 'vida sorrindo de novo pra mim'. e mesmo que eu odeie o sol com o seu calor maldito, tenho que admitir que graças a ele -quando estou a salvo em uma sombra olhando de longe- meu humor fica very up e dá até vontade de sair por aí com um sorriso bonito no rosto. quase tanto faz poder ou não ter um felino em casa, que eu não posso mais, porque os amigos estão dando as caras de novo. anyway, isso prova que nem tudo na vida tá perdido.

06 janeiro, 2009

eu não vou abrir o berreiro no meio da sala vazia no meio da novela com a patrícia pillar rindo da minha cara no meio da roupa suja espalhada no chão e da poeira de quase um mês.
'when daddy comes home you always start a fight

30 dezembro, 2008

Itaú Bankline [Mais de 300 operações on-line feitas para você ganhar tempo.]

não há relógios
e eu não sei mais dançar
tédio tédio
oremos todos por bons champanhes no ano novo e umas férias na praia

morri umas trocentas vezes ontem vendo o jornal
depois bebi até ficar suficientemente sã pra encontrar o caminho da luz

é um fato, sim, o espírito de natal cai na cabeça das pessoas
as que não ficam burras morrem de tanto amor no coração

abaixo a cabeça e olho meus braços gordos
minhas pernas gordas
e penso em fazer um churrasco

é uma pena ter virado vegetariana, essa comida podia suprir as crianças desnutridas

VIVA

viva viva viva
ou carregue a morte nos ombros sem reclamar